terça-feira, 10 de agosto de 2010

Os Quatro Pilares da Educação e os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro

Curso de Especialização: Tecnologias em Educação
Turma: SC04 IS
Mediador: Helmut Paulus Kleinsorgen Paes Ferreira Fernandes
Disciplina: Informática e Sociedade
Atividade: Seminário Virtual
Grupo B
Componentes:
Aristides Bathke Junior
Célia Salete Bianchi
Juliéti Fink Köfer
Jussara Bridi (coordenadora)
Lisete Hahn Kaufmann
Solange Maria Rosa
Tânia Aparecida de Moraes
I
DOCUMENTO-PROPOSTA

“Mudar as formas de aprender dos alunos requer também mudar as formas de ensinar de seus professores.”
(Juan Ignácio Pozo)


Nos últimos anos a educação está passando por um grande avanço das políticas educacionais. A gestão escolar passa a contar com uma maior participação da comunidade num todo, tornando-se democrática. As tecnologias ultrapassam as paredes das escolas passando a fazer parte do ambiente educacional e o professor precisa, cada vez mais, aprimorar a sua prática pedagógica.
Pensar na educação do século XXI, é pensar em uma sociedade da aprendizagem. Onde o trabalho esteja baseado no compromisso com a qualidade, no respeito à diversidade, na construção de competências e na valorização do indivíduo de forma integral.
Com base nos Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro de Edgar Morin e Os Quatro Pilares da Educação de Jacques Delors, precisamos realizar algumas ações estratégicas e algumas políticas públicas que fortaleçam o papel do professor neste mundo globalizado e complexo mediado pelas tecnologias.


Ensinar a Condição Humana
O ato de ensinar e a condição humana do professor estão ligados a sua escolha, que o torna comprometido e reflexivo perante a educação. Embora, haja o reconhecimento do seu papel como professor, cada um tem uma reação diferente ante sua carreira e na função de ensinar e repassar o conhecimento.
A necessidade de se atualizar é muito grande na área educacional, mas não é motivo de parar no tempo e muito menos de negar a realidade em que nós nos encontramos. É necessário trazer a realidade para dentro da sala de aula, esse, juntamente com os conteúdos específicos e utilização das mídias, é um dos caminhos para a educação atual. A aula de um professor deve associar o conteúdo dado, recursos midiáticos disponíveis com a contextualização da realidade. O professor lida com o ser humano, por isso deve formar um cidadão criativo que veja o mundo de diferentes formas, pois foi educado com conteúdos específicos norteados por diferentes vivências e experiências.
Então, educar para a condição humana exige um esforço dobrado no sentido de considerar que nenhum ser humano é igual. Pensando assim, faze-se necessário unir os saberes até então separados em áreas e disciplinas diversas, e realizar um trabalho de forma multidisciplinar, desengavetando as disciplinas curriculares.
Enfim, o que se busca é a melhoria das condições humanas básicas, o bem estar de todos e espera-se que o desenvolvimento do processo de humanização ocorra realmente através da educação, cultura e do esporte.

Enfrentar as Incertezas
Educar para as incertezas é um desafio, quando nossas concepções ainda estão pautadas nas certezas. Capra afirma que:
O velho paradigma baseia-se na crença cartesiana na certeza do conhecimento científico. No novo paradigma, é reconhecido que todas as concepções e todas as teorias científicas são limitadas e aproximadas. A ciência nunca pode fornecer uma compreensão completa e definitiva. [...] na ciência sempre lidamos com descrições limitadas e aproximadas da realidade. (CAPRA, 1997, p. 49)
Necessitamos despir-nos do paradigma Cartesiano/Newtoniano no qual tudo era visto com linear, correto, certo. Na idéia de Capra apesar de nas escolas, ensinar-se somente as certezas, como a gravitação de Newton e o eletromagnetismo, atualmente a ciência tem abandonado determinados elementos mecânicos para assimilar o jogo entre certeza, da micro-física às ciências humanas. É necessário mostrar em todos os domínios, sobretudo na história, o surgimento do inesperado. Eurípides já dizia no fim de suas tragédias que: “os deuses nos causam grandes surpresas, não é o esperado que chega e sim o inesperado que nos acontece”. É a velha idéia de 2500 anos, que nós esquecemos sempre.
Se nos voltarmos para a história da vida, percebemos que não foi linear, estática. Ela foi uma evolução e conseguiu chegar à consciência e à inteligência, mas não somos a meta da evolução, fazemos parte desse processo. O inesperado aconteceu e acontecerá, porque não temos futuro e não temos certeza nenhuma do futuro.
Segundo Morin (2006), a incerteza é uma incitação à coragem. A aventura humana não é previsível, mas o imprevisto não é totalmente desconhecido. Somente agora se admite que não se conhece o destino da aventura humana. É necessário tomar consciência de que as futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco do erro e estabelecer estratégias que possam ser corrigidas no processo da ação, a partir dos imprevistos e das informações que se tem.
Essas constatações remetem um novo pensar e agir no espaço educacional, ou seja, necessitamos reeducar as nossas concepções. Sugerimos algumas ações no âmbito educacional:
Despir-nos das certezas cristalizadas ao longo da nossa história;
Rever o currículo pautado nas certezas;
Propor metodologias que privilegiem os imprevistos, o inesperado, o resultado incerto;
Integrar as tecnologias no processo ensino e aprendizagem que permitem desenvolver a criatividade, a construção.

Ensinar a Compreensão
Nós necessitamos, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades.
A compreensão mútua entre os seres humanos, quer próximos, quer estranhos, é daqui para frente vital para que as relações humanas saiam de seu estado bárbaro de incompreensão. Daí decorre a necessidade de estudar a incompreensão a partir de suas raízes, suas modalidades e seus efeitos. A compreensão é ao mesmo tempo, o meio e fim da comunicação humana. Entretanto, a educação para a compreensão está ausente no ensino.
Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva. Compreender significa intelectualmente aprender em conjunto, abraçar junto. A compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação. Explicar é considerar o que é preciso conhecer como objeto e aplicar-lhe todos os meios objetivos de conhecimento. A explicação é, bem entendido, necessária para a compreensão intelectual ou objetiva.
Mas a compreensão humana vai além da explicação. A explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetiva das coisas anônimas ou materiais. A compreensão humana comporta um conhecimento de sujeito a sujeito. Compreender inclui, necessariamente, um processo de empatia, de identificação e de projeção. Sempre intersubjetiva, a compreensão pede abertura, simpatia e generosidade.
Para que possamos realizar um ensino para a compreensão, faz-se necessário o desenvolvimento de algumas ações:
Desenvolver atividades dinâmicas, interdisciplinares, promovendo a aproximação dos alunos e professores com o objetivo de aprender em grupo;
Criar possibilidades de compreender a visão do outro e as suas diferenças intelectuais;
Utilizar instrumentos de fácil compreensão, evitando mal-entendidos ou não entendidos;
Promover debates e discussões para compreender os valores e as diversidades culturais.

Ética do Gênero Humano
A questão da ética vem abordando, ao longo dos tempos, a compreensão do ser humano enquanto indivíduo. Para tanto, faz-se necessário que o “homem”, na atualidade, realize uma auto-análise, buscando tomar consciência do quanto é complexa e abrangente a questão da ética.
Edgar Morin, com muita propriedade coloca que “a ética do século XXI está alicerçada na compreensão”.
Compreender o ser humano não é uma tarefa das mais fáceis, principalmente por que essa compreensão requer, na maioria das vezes, atitudes de abnegação, desapego e dedicação ao entendimento do próximo.
A ética é definida como parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros da sociedade.
Assim sendo, não se pode ensinar ética como um conteúdo, mas deve-se tentar compartilhá-la na busca de uma sociedade onde o cidadão tenha plena consciência de que ele é um indivíduo da espécie humana que faz parte de uma sociedade e que é responsável pelos seus atos.
Pensando na ética do gênero humano e em como trabalhar para tornar uma sociedade mais compreensível, sugere-se a realização de algumas ações:
Realizar dinâmicas de grupo, que promovam a socialização de alunos e professores, onde o objetivo central seja o aprendizado;
Utilizar-se de seminários para a realização de atividades;
Promover debates que abordem as questões de ética, valores, individualidades e limitações, diversidade cultural, entre outros.

Aprender a Ser
A educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. E a preparação da pessoa é gradativa, ao longo dos anos em que lhe é oferecida educação de qualidade, para que futuramente, possa agir automaticamente, diante de qualquer situação de vida.
Portanto a educação deve preparar as crianças e os jovens para possíveis descobertas e de experimentação. “O desenvolvimento tem pôr objeto à realização completa do homem, em toda a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus compromissos: indivíduo, membro de uma família e de coletividade, cidadão e produtos, inventos de técnicas e criador de sonhos”. (PARISI) A aprendizagem precisa ser integral não negligenciando nenhuma das potencialidades de cada indivíduo.

Aprender a Conhecer
Aprender a conhecer é o mesmo que aprender a aprender, para se beneficiar das oportunidades oferecidas. O conhecimento não vem de fora, é um processo de construção e reconstrução interior. Não está nos livros, nos computadores, mas nas mentes das pessoas. A verdadeira aprendizagem é a construção ativa de conhecimentos realizada pelo sujeito que aprende.
Não há aprendizagem sem que o aprendiz seja o sujeito ativo do processo, e a aprendizagem será tanto maior e melhor quanto mais ativo ele for. Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS, 2001, p. 89-101). Esse tipo de aprendizagem tem como finalidade e fundamento o prazer de compreender, de conhecer e de descobrir. Para isso a educação deverá criar formas para que a escolaridade tenha seu tempo prolongado. Ou seja, o adulto após concluir seus estudos possa prosseguir com vontade de fazer novos cursos, pesquisa etc., fazendo-o perceber que o aumento do saber o faz compreender melhor o ambiente, sob os seus diversos aspectos, com isso ser mais crítico e atualizado.
Na criança, despertá-la e aguçá-la para que tenha mais prazer de estudar, mas é essencial que ela possa ter acesso às metodologias científicas, com isso possa ser “amiga da ciência”. É necessário tornar prazeroso o ato de compreender, descobrir, construir e reconstruir o conhecimento. É bom valorizar a curiosidade, a autonomia e a atenção. É preciso aprender a pensar, pensar também o novo. Enfim aprender a conhecer. Antes de tudo o indivíduo deve aprender a aprender, para isso deverá, até o final de sua vida, estar sempre atualizado, fazer cursos de especialização na sua profissão exercitar a leitura e as pesquisas, pois assim ele terá mais facilidade para encarar todas as situações e com isso ser competitivo dentro da sociedade em que vive. Também o indivíduo deverá exercitar a memória, pois a criança aprende o exercício do pensamento com os pais, depois com os professores.

Aprender a Fazer
Está diretamente relacionada ao aprender a conhecer. Objetiva a formação técnica profissional do aluno e consiste em praticar os conhecimentos teóricos.
Como os meios de produção estão mudando, as relações de trabalho necessitam acompanhar, assim, ao aprender a fazer deve estar contido a prontidão em trabalhar em grupo sem desprezar a necessidade de eficiente comunicação para difusão do conhecimento.
Como as profissões evoluem muito rapidamente, vale mais a competência pessoal, que torna a pessoa apta a enfrentar novas situações de emprego e a trabalhar em equipe, do que a pura qualificação profissional. É essencial saber trabalhar coletivamente, ter iniciativa, gostar de certa dose de risco, ter intuição, saber comunicar-se, saber resolver conflitos e ser flexível.

Aprender a Viver Juntos
Aprender a viver juntos, desenvolve a compreensão do outro e a percepção das interdependências para realizar projetos comuns, nos valores do pluralismo e da compreensão mútua de paz. Para que todos possam viver juntos e aprender a viver com os outros, a educação tem um papel importantíssimo, e um grande desafio, já que a opinião pública toma conhecimento através dos meios de comunicação e nada pode fazer.
No mundo atual a tendência é a valorização de quem aprende a desenvolver a percepção da interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. A história humana sempre foi escrita pelos conflitos raciais e até mesmo religiosos, entre outros. À educação cabe trabalhar para a mudança deste quadro desde a simples idéia de ensinar a não-violência e o não-preconceito. Porém deve utilizar duas vias complementares, primeiro a descoberta progressiva do outro; segundo, ao longo de toda a vida, a participação em projetos comuns que parece um método eficaz para evitar ou melhorar conflitos latentes.
A educação não se apóia exclusivamente, numa fase da vida ou num único lugar. Os tempos e as áreas da educação devem ser repensados, completar-se e interpenetrar-se de maneira a que cada pessoa, ao longo de toda a sua vida, possa tirar o melhor partido de um ambiente educativo em constante ampliação.
Com base nos quatro pilares da educação, compreendemos que profundas mudanças precisam ocorrer no sistema de ensino secular. Pode levar algum tempo para aceitarmos que só se aprende participando, vivenciando, tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos. Não se ensina só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas experiências proporcionadas, pelos problemas criados, pela ação desencadeada.
Por fim, podemos destacar algumas ações que, se foram colocadas em prática, podem tornar uma educação sustentada nos quatro pilares, desenvolvendo o aluno integralmente.
Construção do Projeto Político Pedagógico baseado no contexto de um processo participativo.
Proporcionar aos professores e demais profissionais da escola uma política de formação continuada, atualizando-os acerca do uso das tecnologias, do trabalho por projetos de aprendizagem e de outras formas de como realizar um trabalho multidisciplinar.
Promover a inclusão digital de todos os alunos, desde a educação infantil, promovendo a familiarização com as tecnologias, através da busca de informações, resultando na construção do conhecimento.
Realizar trabalhos por projetos, onde os conteúdos deixem de ser fragmentados por disciplinas e a participação da comunidade escolar passe a ser essencial. O trabalho por projetos é uma das formas mais eficazes para se trabalhar a multidisciplinariedade, deixando de lado os limites disciplinares, favorecendo uma aprendizagem contextualizada. Através de projetos o professor passa a ser um mediador do processo ensino-aprendizagem, o aluno participa da construção do seu conhecimento como autor e não como um mero expectador, ele é o centro do processo educacional e participa ativamente de todo esse processo (escolha do tema, pesquisa, organização da apresentação, socialização do conhecimento,...), resultando em uma aprendizagem significativa, a qual desenvolva todas as potencialidades do aluno na sua totalidade Bio-Psico-Social.
Incluir a disciplina de Psicologia na grade curricular desde as séries iniciais. O trabalho com da Psicologia levará o educando ao autoconhecimento. A realizar um trabalho voltado para a moral, a ética, a socialização e os valores, teremos alunos mais preparados para o aprender a ser e a conviver.
Desenvolver atividades de Literatura, Arte para que o aluno possa fantasiar, identificar intenções, resolver problemas. É preciso preparar o aluno para a compreensão do inesperado.
Elaboração de planejamentos interdisciplinares, objetivando o despertar criativo do aluno, o despertar do “prazer de descobrir e conhecer o mundo que o rodeia”, considerando os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos, ou seja, contextualizando os fatos a serem estudados.
Elaboração de oficinas articuladas, que favorecem o despertar “intelectual do aluno”, visando sua autonomia e sua capacidade de discernimento.
Desenvolver projetos que reforçam a socialização dos alunos, mostrando que somos indivíduos integrantes de uma sociedade, e como seres sociais, precisamos desenvolver atitudes de respeito, solidariedade e compreensão.
Sabemos que a Educação é uma das armas mais poderosas para encurtar os conflitos na sociedade, ensinando caminhos para a gestão dos problemas através do diálogo e do debate de forma pacífica. A educação precisa fornecer informações e fórmulas para que o indivíduo consiga viver socialmente tendo, desta maneira, material suficiente para a sua sobrevivência e convivência na sociedade. Como diz Delors (2001) “O objetivo da Educação não é o de somente transmitir conhecimentos, mas criar um espírito para toda a vida, onde ensinar é viver em transformações consigo próprio e com os outros”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI. 6 ed. São Paulo: UNESCO, MEC, Editora Cortez, 2001, p. 82-104.

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. 3a. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001. Disponível em www.conteudoescola.com.br/.

PARISI, Mariana. Pesquisa Conteúdo e Aprender. Disponível em http://www.eaprender.com.br/tiki-smartpages_view.php?pageId=1243.

POZO, Juan Ignácio. A Sociedade da Aprendizagem e o Desafio de Converter Informação em Conhecimento. Disponível em http://www.diretoriabarretos.pro.br/patio_online2.htm. Acesso em 02.06.2010.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostaria de saber como aplicar essa forma desaber em sala de aula,Os SETE SABERES;DE EDGAR MORIN?